segunda-feira, 29 de março de 2010

Star Wars visto por Roberto Simões

O crítico da 7ª arte Roberto Simões da http://cineroad.blogspot.com/ teve a gentileza de nos enviar um texto com a sua perspectiva acerca da saga Star Wars: O universo Star Wars é um mergulho vertiginoso no fantástico, uma viagem excitante e alucinante pela magia do entretenimento. Nunca até então uma dimensão imaginada atingira tais proporções na História do Cinema. E, de facto, a originalidade da abordagem, a criatividade e o detalhe que ilumina a narrativa fez sonhar uma geração inteira. O sucesso da franquia far-se-ia à imagem megalómana do projecto, tal era o fascínio que emanava da obra de George Lucas. E a experiência intensifica-se, por exemplo, do episódio IV para o episódio V. A jornada continua... ainda mais inspirada, com mais acção, maior sentido de espectáculo, aprofundando a mitologia galáctica e a filosofia Jedi e dando conta de importantes revelações para a história do jovem Luke Skywalker. O Império Contra-Ataca não é, pois, senão uma viagem ainda mais alucinante, detonadora de emoções fortes e de magnético fascínio - sempre ao som vibrante e imponente, complexo e colossal da composição musical de John Williams. No episódio VI, contudo, O espectáculo quase descambou. É difícil sustentar a credibilidade de uma história perante dezenas e dezenas de bonecos falantes, minimamente expressivos, que supostamente seriam seres vivos. Concretizar uma fantasia é, porventura, das tarefas mais complicadas em cinema. Os riscos são sobejamente conhecidos. E o início deste capítulo final, na demanda pelo resgate de Han Solo, é tão exageradamente inverosímil, infantil e desajustado que quase expôs a saga ao ridículo. Há quem goste, todavia. Luc Besson, por exemplo, parece ter gostado bastante. Mas eu não. Felizmente, o universo de batráquios, cabeças de polvo e guardas hipopótamos acaba por dar lugar à fórmula dos capítulos anteriores e o equilíbrio é reposto, a partir do segundo acto. Uma space opera como cada um dos capítulos de Star Wars vive da acção e da explosão de cor que nos atrai para um inconfundível universo de entretenimento. O progresso tecnológico no campo dos efeitos especiais ficou para sempre marcado com o filme de 1977 e só um novo avanço, digitalmente prodigioso, poderia revitalizar e catapultar a saga para uma dimensão superior. Foi o que aconteceu. Os fantásticos efeitos especiais que ingressaram na saga a partir desta nova trilogia, iniciada com A Ameaça Fantasma, permitiram aquilo a que os episódios IV, V e VI estavam inevitavelmente impossibilitados de atingir: uma autêntica e extraordinária expansão visionária. Sem limites. Eu sou daqueles para quem os prodigiosos efeitos especiais da era digital vieram - em definitivo - beneficiar e muito a dimensão criativa de George Lucas. O Ataque dos Clones não só superou uma certa ineficácia das mascotes e miniaturas utilizadas anteriormente como ultrapassou a saturação da estrutura episódica da narrativa (presente nos episódios IV, V e VI) e teve finalmente a oportunidade para, sem desfocar a diegese principal, pintar e enriquecer todo um segundo plano. Se isso já era notório em A Ameaça Fantasma, o que hei-de eu dizer deste episódio II?... A cada cena, somos agora presenteados com um visual ainda mais estonteante: a excelência do design é deveras impressionante e as imagens são belíssimas, ricas em detalhe, em pormenor. A narrativa tem agora oportunidade para respirar, sendo que submergimos nas maravilhas daquele mundo fantástico. O romance entre Anakin e Padmé, por exemplo, evolui perante deslumbrantes e oníricas paisagens. Nunca a saga Star Wars se aproximou tanto da etérea beleza como agora... No episódio III, A entrega final de Anakin Skywalker à retórica e sedução do Chanceler Palpatine ganha uma profundidade filosófica muito para além dos maniqueísmos de que a saga foi alvo no decorrer da primeira trilogia. Good is a point of view, Anakin. The Sith and the Jedi are similar in almost every way, including their quest for greater power. (...) The dark side of the Force is a pathway to many abilities some consider to be unnatural. (...) Learn to know the Dark Side of the Force and you will be able to save your wife from certain death. Até que ponto não compreendemos nós o cair em tentação, se isso assegura a protecção e salvaguarda daqueles que amamos? Até que ponto conseguimos separar o nosso dever do nosso sentimento? O posicionamento de Anakin é tudo menos frívolo, por mais que o jovem tenha denotado, desde criança, uma certa natureza rebelde no seu carácter. Se é certo que A Vingança dos Sith trata de humanizar um vilão como Darth Vader, é igualmente certo que essa humanização advém de uma necessidade primeira de revelar o passado da personagem e de procurar a essência da origem do Mal.O final do filme é, simplesmente, qualquer coisa de excepcional, excepcional, excepcional. A Vingança dos Sith é um triunfo absoluto e incontornável. Roberto F. A. Simões CINEROAD - A Estrada do Cinema

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